A Igreja do Bom Jesus das Dores e a importância do tombamento do centro histórico.

 


Com a renovação do debate sobre a revitalização da Ribeira, consequência da audiência pública ocorrida no dia 4 de dezembro e a posterior comissão formada em segredo de Estado, está cada vez mais recorrente ouvir por aí de políticos e secretários da Prefeitura do Natal que o problema da Ribeira é o fato do bairro histórico ter sido tombado pelo IPHAN, lá em 2010. Ignoram, porém, que foi justamente o tombamento que impediu que os prédios da Ribeira fossem demolidos ou completamente descaracterizados, como já é possível notar em alguns estabelecimentos da região.

Mas o melhor exemplo do impacto da falta de tombamento no centro histórico talvez seja a Igreja do Bom Jesus das Dores da Ribeira. 

Construída em 1774, é o quarto templo religioso mais antigo de Natal. Quando de sua construção, não contava com suas características torres e seu interior era simples. A maioria dos frequentadores do templo eram os moradores humildes da Ribeira. Outra curiosidade é que foi nessa igreja onde ocorreu o batismo de Câmara Cascudo. 

Igreja do Bom Jesus das Dores, com os jardins e coreto que deram lugar à praça José da Penha. Fotógrafo: João de Miranda Galvão. Agente fotográfico: Photo Chic. Ano: Cerca de 1922.


A Igreja do Bom Jesus das Dores teve, por décadas, sua fachada em estilo barroco, muito semelhante à Igreja do Galo e sendo uma das representantes deste estilo em Natal.


O tempo, no entanto, não foi bom com a Igreja e, muito menos, com os jardins situados na praça em frente. Hoje o coreto e os jardins deram lugar à Praça José da Penha, e a fachada e o frontispício da igreja foram ladrilhados, acabando com o estilo barroco e com a beleza daquele templo, dando uma impressão de modernidade que não é característico daquele templo. Talvez se o tombamento tivesse ocorrido antes, teríamos mais uma igreja com o belíssimo estilo barroco na capital potiguar. 


É por isso que é de extrema importância, ao pensar a revitalização do centro histórico de Natal, valorizar o tombamento daquela região, pois além de garantir a proteção do patrimônio e de sua estrutura física, também garante que os projetos de restauração e revitalização respeitem as características arquitetônicas originais que retratam as memórias da evolução urbana, artística e arquitetônica de Natal. 



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