O que guarda o futuro para a revitalização da Ribeira?

 

Foto: G1


Ao longo das últimas décadas a discussão sobre a revitalização da Ribeira vai e vem com certa teimosia, para alegria dos saudosistas, tomando algum lugar dos noticiários mas sem grandes novidades.

Porém, na gestão do Prefeito Álvaro Dias - e apesar de todos os pesares - a revitalização da Ribeira teve seu percentual de presença nas discussões políticas da capital potiguar. No entanto, não podemos criar a expectativa de que prédios serão restaurados e voltarão à vida, porque não vão. Aliás, essa é uma confusão que a sociedade civil faz quando o assunto é restauração/reconstrução de bens tombados que precisamos esclarecer.

Qualquer intervenção de restauro em prédios tombados precisa ser aprovado pelo IPHAN e para ser autorizado é preciso ter um projeto que consiste, a grosso modo, em uma pesquisa histórica e arquitetônica do prédio. Este projeto é dividido nas fases de: identificação e conhecimento do bem, diagnóstico e a proposta de intervenção. 

A identificação e conhecimento do bem envolve, literalmente, todo o conhecimento relacionado ao prédio desde sua construção e sua evolução ao longo do tempo, levantamento de plantas, análise física in loco, dentre muitas outras etapas. O objetivo é levantar o máximo de informações acerca das condições originais do prédio, uma vez que o objetivo da restauração é preservar aquelas características. 

Se o projeto não conter informações precisas sobre a originalidade do bem, ele não será aprovado e a intervenção não acontecerá. É um trabalho minucioso que, aparentemente, poucos estão dispostos a financiar, apesar da legislação prever que o IPHAN via governo federal possa financiar o processo de restauração dos proprietários de imóveis tombados que alegarem não ter condições financeiras para isso, só não sabemos o quão burocrático é esse procedimento. 

Voltando aos projetos da gestão Álvaro Dias, está em andamento o Projeto de requalificação da Ribeira, que trata de uma série de ações a ser adotada pela prefeitura para fomentar o desenvolvimento comercial e habitacional do bairro da Ribeira. Este projeto prevê a requalificação da Rua Ulisses Caldas e Largo Junqueira Aires até o entorno da Praça Augusto Severo (Meta 1); requalificação da Avenida do Contorno, áreas adjacentes e praças Djalma Maranhão e Walfredo Gurgel (Meta 2); requalificação da Avenida Tavares de Lira, ruas adjacentes e trechos da Avenida Duque de Caxias até a Praça Augusto Severo (Meta 3); e construção da Estação Turística e Religiosa Pedra do Rosário (Meta 4).

O projeto foi orçado em R$30,8 milhões a serem financiados na maioria pelo Governo Federal, com contrapartida de R$2 milhões da Prefeitura. O carro-chefe é a construção da Estação Turística da Pedra do Rosário, que receberá R$13,6 milhões. Este projeto também prevê a ocupação de alguns prédios pelas secretarias da Prefeitura, o que já está em andamento. 

Aliás, conforme reportagem do "Agora" de 13/08/2022, a Ribeira tinha 166 prédios em situação de abandono, que além da deterioração do prédio, também não estavam recolhendo tributos à prefeitura. A gestão municipal está em processo de arrecadação destes imóveis para poder ocupar e dar destino adequado para que eles possam cumprir com seu devido papel social.

No fim, o Projeto de requalificação da Ribeira não será muito diferente do que o Prefeito já fez em outros lugares da cidade: pintura de meio-fio e de fachadas, manutenção da iluminação pública e revitalização dos becos e vielas da Ribeira. A única novidade é a construção da Estação Turística da Pedra do Rosário. O projeto já foi aprovado pelo IPHAN e tem previsão para ser concluída até o fim de 2024. Porém, provavelmente ainda seremos assombrados pelo retrato do abandono da Ribeira: os prédios deteriorados espalhados pela região. 

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